Fim do automatizado e a difícil missão de agradar o brasileiro
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Assim como todos os jornalistas automotivos que precisam ficar caçando assunto nos sites das montadoras todos os dias para criar texto que vocês talvez nem leiam, percebi que a Fiat tinha tirado do catálogo o Cronos GSR. “E daí?”, vocês perguntam. Respondo: saiu de linha o último carro com câmbio automatizado do Brasil.
Lembro como se fosse ontem. Jovem Thiago estagiário em 2008 no lançamento do VW Polo (o antigo) com o câmbio I-Motion. Na época, lembro de ter achado as trocas de marcha bem perceptíveis e um tanto lentas. Mas, naqueles tempos, era um jeito bem mais barato para não ter que passar marchas ou operar a embreagem no trânsito que, pasmem, já era ruim naqueles tempos.
Aqui no Brasil a gente tem tudo para virar um EUA da vida: trânsito ruim e uma falta de interesse generalizada em carros que proporcionam prazer ao dirigir. Por muitos anos disfarçamos a nossa falta de dinheiro com um falso orgulho de “pilotar” um manual para não ter que encarar o fato de que os automáticos eram caros.

A ideia do automatizado era ótima. A caixa de câmbio em si era praticamente a mesma de um manual, mas o pedal e a alavanca mecânica davam lugar a atuadores eletro-hidráulicos para fazer o trabalho. A diferença de preço entre um manual e um automatizado era muito (grifem: muito) menor do que em relação a um automático.

Um dos primeiros carros que dirigi com um câmbio automatizado foi um smart (grafado sempre com minúsculas, busquem conhecimento) e aquele sim, achei horroso. Do Polo para frente, vi uma evolução lenta, mas constante. O I-Motion era o melhor, mas tinha o Dualogic da Fiat, que evoluiu para o Dualogic Plus e, depois, para o GSR. O último, que estava no Cronos, já era bem aceitável.
Mas claro que houveram tentativas bem fraquinhas. O Easytronic da Chevrolet era um dos que faziam o motorista morder o volante de raiva. Insistia em engatar primeira marcha em lombadas e valetas, dando trancos. A Renault teve o easy’R, mas era tão bom que a marca nem emprestava carros com esse câmbio para a imprensa.
Então a luz amarela já estava acesa: os primeiros automatizados eram baratos, mas a sensação ao dirigir era estranha. E depois vieram os problemas. Embreagens que iam para o saco prematuramente, atuadores que falhavam. Enfim, a lista era grande. Tive um tio taxista que ficou na rua três vezes na rua com uma Meriva Easytronic por quebra de câmbio. Depois, peguei um táxi que ainda tinha o emblema do câmbio no tampão, mas era manual. Perguntei a respeito para o motorista e ele disse: “sabe pra que serve o Easytronic? Quebrar e subir um câmbio normal”.
Aí a fama já tinha ganhado as ruas. Ao mesmo tempo que as pessoas ficavam receosas de comprar um automatizado novo, esses carros usados começaram a encalhar. E se tem uma coisa que brasileiro odeia mais que pagar imposto é carro ruim de revenda. Com o tempo, os câmbios automáticos e CVT foram barateando e o automatizado fazia cada vez menos sentido. As marcas evoluíram bastante essa transmissão e, como disse, os últimos GSR já eram bem aceitáveis. Só que essa melhoria chegou uns 5 anos atrasada para o mercado.

Mas foi a estranheza do automatizado que começou a manchar a fama desse câmbio lá atrás. Brasileiro é um bicho estranho. Quer carro que corre, mas não que gaste. Gasta horrores em enfeite, mas item de segurança tem que ser de graça. A piada no setor era que brasileiro queria um carro com engenharia alemã, design italiano, qualidade japonesa e preço de chinês. É esse povo que compra carro 0km no Brasil e as montadoras que se virem.
O mercado não se contentou com o sacrifício na operação do câmbio automatizado em nome de um preço mais em conta. Em mercados mais maduros e muito inteligentes, como o da Índia (sobe a placa de ironia aí, Maycon), o automatizado ainda é extremamente relevante e praticamente todos os carros de entrada o oferecem, como o Renault Kwid. Lá eles sabem que renunciaram para não ter que trocar de marcha. Não esperam um DSG pela metade do preço.
Como um segundo efeito colateral da morte do automatizado, o destino do câmbio manual pode ter sido selado. Os dois compartilhavam componentes e custos. No volume, valia a pena manter os dois, só que outros automáticos estão mais baratos e eficientes. Se 2020 promete ser o primeiro ano em que se vende mais carro automático que manual, sem o automatizado, o futuro promete o bizarro cenário onde você vai ter que pagar para trocar as próprias marchas. Isso caso queiram comprar 0km. Estejam preparados.
Morenagens
Já vai já? (Pt.1) – Sabe o Nissan Versa, aquele que promete muito, mas parece que nunca chega? Vai estar nas lojas em novembro, vai na minha. Já está rolando o lançamento para a imprensa e eu já vi esse perto. Era um topzera do rolê, mas como vocês já leram, só motor aspirado e câmbio CVT. Quem andou elogiou principalmente o conforto e a transmissão, que faz milagre para conseguir que o Versa ande bem. Mas ele vai viver ou morrer pelo preço, vamos acompanhar.
Já vai já/ (Pt.2) – Falando em carros que demorar mais pra chegar do que ônibus em dia de greve, aquela atualização da VW Amarok V6 turbodiesel com mais potência vai chegar já já. De novo: vai na minha. Também vi ela de perto aqui no Brasil e podem ficar tranquilos que a bicha vai puxar bem. Também fiquem tranquilos que se não passar dos R$ 300 mil eu vou ficar surpreso.
Hummvee – E o tema da enrolação continua. Meses depois de falar em que iam trazer o Hummer de volta, a GMC mostrou várias imagens e algumas informações básicas da Hummer EV. Agora é uma picape de três motores elétricos. Prometem mais de 1.000 cv de potência, mais de 1.500 kg de torque e mais de 500 km de autonomia. Mesmo custando US$ 112 mil, o que equivale umas três casas bacanas no Brasil, a série especial de lançamento esgotou em 10 minutos. Vai ser uma das principais rivais da Halo Car, digo, Tesla Cybertruck. Só que as entregas começam apenas em 2022. Carro de verdade mesmo, sem efeitos computadorizados, a própria General Motors disse que não tem nenhuma ainda. Vamos ver quem enrola mais: Elon Musk ou GMC.
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Créditos: amigogearheads